quinta-feira, 24 de maio de 2007

O trem demonstrando mais uma estatística! (Percorrer aqueles trilhos me faz filosofar diariamente)


E lá estava eu, mais uma manhã, “segundona brava”, eu no segundo trem do dia. Desta vez do lado esquerdo estava a Marginal Pinheiros, incrivelmente fluindo até que bem, e do lado direito o Rio Pinheiros, fedendo bastante como sempre. Um tempo agradável naquela manhã, me fazia ficar a vontade, já que estava com um ar condicionado mais agradável ainda, e como sou conduzido ao meu local de trabalho de trem a mais de 5 anos, estava me sentindo em casa, oh delícia...

Como sempre, marreteiros por todos os cantos, vendendo suas “muambas” no famoso Shopping Trem, mas desta vez havia um com um produto diferente (pelo menos sobre trilhos), três folhas de papel Sulfite, uma branca, uma azul e outra amarela, cada papel indicava uma região da Grande São Paulo, onde havia agências de emprego, isso mesmo, eram mapas, da maioria das agências de emprego do centro da cidade, do ABC e do Centro Comercial de Alphaville, locais onde possuem muitas agências do tipo.

Bom, assim que esse vendedor entrou no vagão, e passou uma vez por todos os usuários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), bastou que apenas uma pessoa se levantasse para comprar o pequeno mapa, que uma enxurrada de homens e mulheres fossem para cima dos papéis, por apenas R$ 1,50, você poderia adquirir uma garantia de dezenas de locais onde poderia renovar sua esperança para conseguir um emprego ou pelo menos para continuar tentando.

Caralho, as estatísticas estavam se confirmando ali, ao vivo e a cores no meio do trem, debaixo do meu nariz, do mais gordinho ao mais magrinho, do mais bonito ao mais feio, do homem à mulher, do rapaz de bermuda e chinelo, ao homem de terno e gravata, todos compraram o seu exemplar porque provavelmente estavam desempregados, e faziam parte das estatísticas, aquela parcela da população paulista e conseqüentemente brasileira procurando uma renda mensal, para se sustentar e sustentar suas famílias. Não que eu nunca tivesse enfrentado uma fila em uma agência de emprego, mas na agência é algo normal, pois todos estão procurando um emprego, concentrados naquele local pelo mesmo objetivo. Agora dentro do vagão onde cada um está ali por vários motivos, alguns indo em direção ao trabalho, outros passeando, visitando alguém, indo para a rodoviária, e até procurando um emprego, não pude imaginar, e acabei me assustando um pouco.

É isso aí, confirmou-se mais uma vez, bem na minha fuça, que sobreviver nessa vida não é fácil e a qualquer hora eu também posso me tornar só mais uma estatística, onde tenho que correr atrás de um “mapinha” feito na xerox da esquina, por um cara que deixou as mesmas estatísticas (com muita inteligência, pois conhece o país que lhe acolhe) por conta própria. Já que o Estado, não nos dá condições, “corremos atrás”, por si só. Somos Brasileiros e não desistimos nunca. Te amo Luis Inácio e seus antecessores.

Abraço.

Um comentário:

Sophie Dechant disse...

Parabéns pelo seu blog!
=)

 
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